Ações de empresas de saneamento básico estão no radar dos investidores. Após o novo marco legal, analistas consideram um dos setores atrativos para diversificação de carteira e setembro já começou com o primeiro grande leilão. Uma série de concessões promete movimentar o setor.
A economista Bruna Moura, do escritório da Plátano Investimentos de São Paulo, explica como se deu o primeiro leilão na B3, após a aprovação do marco legal, que abriu o segmento privado para investimentos na área de saneamento, no último dia 2 de setembro.
O leilão atraiu forte competição e aconteceu no Amapá com a concessão dos serviços da Companhia de Água e Esgoto local – Caesa – à iniciativa privada. A Equatorial foi a vencedora do leilão, encarando o compromisso de promover o abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto para os 16 municípios do Estado do Amapá. A previsão de investimento em infraestrutura está na ordem dos R$ 3 bilhões, durante os 35 anos de contrato.
“Com esse movimento, a Equatorial se tornou um ativo de boa qualidade apesar do pagamento da alta taxa de concessão. O mercado receberá bem essas novas oportunidades de crescimento do setor de saneamento, mas o recomendado é aguardar mais informações e detalhes sobre os números apresentados” apontou a economista.
Balizando o setor, considerado o mais atrasado do Brasil, temos também as empresas Sabesp, Copasa e Sanepar. A perspectiva é que o marco histórico seja um gatilho para atrair ainda mais investimentos. Até 2033, o governo estima investimentos de R$500 a R$700 bilhões para cumprir as metas de universalização de fornecimento de 99% de água potável e de 90% para coleta e tratamento de esgoto. Podemos considerar também o fortalecimento da Agência Nacional das Águas (ANA), que servirá como precursora das diretrizes de referência para agências reguladoras e prestadoras de serviços de saneamento, algo muito positivo e necessário para atrair ainda mais investimento privado e consequentemente, o crescimento do setor.
O marco do saneamento traçou metas claras e ambiciosas para estimular o setor de infraestrutura. Empresas públicas, investidores brasileiros e estrangeiros estão de olho nos leilões que estão cada vez mais competitivos. O governo quer fechar o cerco e tem visto como prioridade levar grandes obras de infraestrutura para regiões mais afastadas. Para cumprir com as metas, envolveu os setores de tecnologia e aço garantindo eficiência e agilidade no processo.
“O mercado de capitais tem a missão de contribuir com o aumento do investimento privado no setor, que será fundamental para que o governo consiga atingir as metas até 2033. Políticas que promovam a atração de investidores privados para o setor serão fundamentais, e a consequência disso, será um maior destaque do setor na Bolsa, impulsionando os papéis”, comentou Bruna Moura.
Panorama e Futuro
Os ativos do setor de saneamento foram um dos poucos que se mantiveram estáveis no ápice da pandemia do Covid-19, sem apresentar quedas relevantes. A Sabesp se recupera aos poucos, retomando o fôlego, assim como a Sanepar que se mostrou um pouco mais estável.
O destaque fica por conta da Equatorial, que no último ano cresceu 6,12% e apresenta um gráfico positivo, com grandes chances de melhorar ainda mais. Esse ativo possui recomendação de compra pelos analistas.
“Levando em consideração esse panorama, podemos concluir que nos próximos anos haverá uma forte tendência de crescimento desses ativos no mercado financeiro. Devido a magnitude dos investimentos angariados e a atenção do governo. Não só os setores de saneamento e infraestrutura serão beneficiados, como também os setores de tecnologia e aço”, explicou a economista da Plátano.
Lembrando sempre que estratégias de investimentos existem e antes de qualquer decisão em diversificar a carteira de investimento é importante trocar informações com um assessor de investimentos, para obter detalhes sobre os papéis recomendados e adequar as escolhas com o perfil de investidor.