A indicação evidencia a qualidade da produção teatral joseense e coloca a cidade sob os holofotes do cenário nacional
O espetáculo “Ópera Febril”, da Cia do Trailer – Teatro em Movimento, de São José dos Campos, foi um dos indicados ao Prêmio Shell 2025, na categoria Destaque Nacional.
A indicação evidencia a qualidade da produção teatral joseense e coloca a cidade sob os holofotes do cenário nacional.
Para André Ravasco, um dos diretores do espetáculo, a indicação foi uma surpresa e coroa o trabalho de toda uma equipe.
“Quando idealizamos esse espetáculo, com uma proposta de mergulhar na essência do trabalho e fazer uma reflexão sobre seus dilemas e transformações ao longo do tempo, tínhamos dúvidas se um tema tão complexo seria bem aceito pelo público. Estamos muito felizes por esse reconhecimento”, disse.
O prêmio
O Prêmio Shell de Teatro chega à sua 35ª edição neste ano e a cerimônia de premiação será realizada no dia 18 de março, no Rio de Janeiro.
A premiação se tornou uma das grandes referências do teatro brasileiro nas últimas três décadas. É possível contar a história da cena teatral do país ao longo das suas 34 edições, com seus artistas indicados, espetáculos consagrados e os homenageados de cada ano.
Sinopse
O espetáculo “Ópera Febril” nasceu a partir de uma pesquisa nos arquivos públicos sobre as condições dos trabalhadores da antiga Tecelagem Parahyba, a famosa fábrica de cobertores que, por anos, foi uma das principais indústrias da cidade e de grande relevância no país.
A peça traz uma discussão performática e documental que enlaça o local e o global, o passado e o presente, e evidencia a permanente exploração dos trabalhadores.
Parte de um mergulho que percorre a essência do trabalho, desde a sociedade fabril até os dias atuais, com os desafios contemporâneos.
Para isso, começa transportando o público para dentro da fábrica, por volta da década de 60 e 70, com ambiente opressor, condições de trabalho dúbias e alta demanda de produtividade. Quase sem nenhuma observância de normas e saúde e segurança do trabalhador.
No decorrer do espetáculo, vai conduzindo o público aos dias atuais para questionar a ideia dissimuladamente libertária do “patrão de si mesmo”, usada atualmente pelas empresas para persuadir o trabalhador a se entregar a um trabalho exaustivo, praticamente sem direitos, e sacrificar em troca do seu sustento o seu bem mais precioso: o tempo.
Ópera Febril é uma reflexão intensa sobre a natureza do trabalho e sua transformação ao longo dos anos, com todos seus dilemas e complexidades existentes na relação capital/trabalho e na exploração da mão-de-obra. Imperdível!
Ficha técnica
Diretores: André Ravasco e Marcelo Soler
Dramaturgia: Marcelo Soler e Caren Ruaro
Consultoria de dramaturgia: Luís Alberto Abreu
Consultoria e pesquisa histórica e filosófica: Letícia R. Ferreira Neto
Atores documentaristas: André Ravasco, Andrei Gonçalves, Caren Ruaro, Laura Ramalho, Rafael Braga
Técnico Geral (som, luz, projeções) – Renato de Souza Júnior
Diretor Musical e compositor: Marco Antônio Machado
Compositor e regente: Rafael Braga
Visualidades/cenário/figurino: Lívia Loureiro
Costureira: Ateliê de costura Silvia Gonçalves
Design Gráfico – Victor Corrêa