Lúpus e os cuidados no Verão

Portadores da LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico) precisam ter cuidado redobrado nos dias mais quentes do ano

O lúpus, de origem autoimune, é uma doença inflamatória que acomete a pele e órgãos do portador e, durante o verão é importante ter atenção redobrada com relação à exposição ao sol, especialmente nos dias mais quentes de incidência solar mais forte como nesta temporada que a temperatura está mais elevada devido ao aquecimento global e efeitos do El Nino.

A exposição solar desencadeia uma reação inflamatória no organismo do paciente com o lúpus, podendo afetar estruturas como articulações, cérebro e rins e o surgimento de lesões na pele. Cerca de 30% a 40% de pessoas portadoras da doença possuem maior sensibilidade aos raios ultravioletas e devem se proteger do sol.

“Os raios solares desencadeiam novas lesões na pele e novas crises da atividade do Lúpus”, diz Dr. Henrique Helson Herter Dalmolin, reumatologista na clínica EVCiti (SP), pertencente ao Grupo CITA (Centros Integrados de Terapia Assistida), referência em tratamentos de doenças autoimunes no Brasil. “É de extrema importância usar bloqueadores solares de fator 30 no mínimo, usar boné ou chapéu e usar óculos escuro ao sair na rua ou mesmo praia, evitando ao máximo a exposição ao sol nos horários em que os raios UV são mais intensos para impedir o processo inflamatório”, orienta o reumatologista.

Além dos cuidados neste verão, a boa notícia é que desde o ano de 2020 houve a aprovação da Anvisa de dois novos medicamentos para o tratamento da LES e da Nefrite Lúpica (lúpus que envolve os rins). Os estudos com Anifrolumabe e Belimumabe permitiram que os pacientes com lúpus alcançassem maiores chances de remissão.

Segundo informações do reumatologista da clínica EVCiti, esse processo ocorre devido aos mecanismos de ação dessas duas medicações que agem exatamente em diferentes pontos relacionados à ativação da doença.

“No caso do Anifrolumabe, essa proteína é projetada para tratar um excesso de ativação do interferon, que desempenha um papel essencial na inflamação lúpica. Ele é administrado por infusão intravenosa. Já o Belimumabe, que também é um anticorpo monoclonal, tem como alvo uma proteína que pode ajudar a diminuir o impacto de células anormais que contribuem para a inflamação nos lúpus. O Belimumabe é administrado por injeção no abdômen, na coxa ou por infusão intravenosa e pode ser utilizado em crianças de 5 anos ou mais, além de ter sido recentemente aprovado- em 2020- para adultos com lúpus com comprometimento renal”, explica.

Apesar desses dois medicamentos já terem sido aprovados e estarem disponíveis no Brasil, o seu acesso ainda é limitado. Isso porque ainda não se encontram disponíveis no Sistema Único de Saúde e nem estão no Rol da ANS, de forma que as operadoras de saúde não são obrigadas a cobrir.

Esses dois medicamentos são indicados principalmente para pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico com ou sem envolvimento renal e aqueles com sintomas de lúpus que não respondem aos tratamentos convencionais e podem ser mais eficazes e menos invasivos do que os tratamentos convencionais, oferecendo assim uma nova esperança para pacientes com lúpus, além de serem considerados opções de tratamento mais específicos e direcionados, que visam aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, com menos efeitos colaterais.

“Depois de anos sem termos novas terapias aprovadas para o lúpus, além dos glicocorticoides, da hidroxicloroquina e outros imunossupressores, que salvam vidas mas também têm efeitos colaterais pesados, ter outras opções de tratamento aprovadas nos últimos anos traz esperança para esta doença autoimune que pode levar a risco de morte”, enfatiza Dr. Henrique.

De maneira geral, esses novos medicamentos são considerados mais direcionados e específicos do que as terapias convencionais, podendo trazer resultados mais efetivos e menos efeitos colaterais. No entanto, é importante lembrar que o tratamento ideal para o lúpus deve ser individualizado e discutido com o médico responsável, levando em conta a gravidade do quadro clínico e as necessidades específicas de cada paciente. E, seguir as orientações dos especialistas quanto a permanência a exposição solar durante o verão.

Dr. Henrique Helson Herter Dalmolin é reumatologista na clínica Quíron/EVCiti, pertencente ao Grupo CITA (Centros Integrados de Terapia Assistida), referência em tratamentos de doenças autoimunes no Brasil e está disponível para entrevistas sobre “Lúpus e tratamentos”.

 

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