CASACOR SC – projetos Bruna Sposito e Michael Zanghelini

By Maristela Brittes

Florianópolis SC

 

Que seja Casa: um espaço de acolhimento e conforto

Estreante na CASACOR SC, a arquiteta Bruna Tuon Sposito mostra a que veio trazendo um living com charme minimalista, que abraça os visitantes

Se o living planejado pela arquiteta Bruna Tuon Sposito, do Sum + Studio, fosse um estilo musical, certamente seria um belo jazz: suave, marcante, acolhedor e cheio de personalidade. E até o nome combina com essa atmosfera: “Que seja Casa”. O ambiente de 94 metros quadrados marca a estreia da profissional na CASACOR SC. “A sensação de fazer parte do elenco da mostra é muito boa. Posso mostrar o meu trabalho e a forma como o

faço”, comenta.

O espaço combina perfeitamente com qualquer capital cosmopolita do mundo. E o melhor: sem deixar a brasilidade de lado.

A planta do ambiente conta com cozinha gourmet e duas salas (de jantar e de TV).  Um dos grandes destaques, na opinião da arquiteta, é o jardim de inverno, revestido com pedras da coleção Collina (Mosarte). Trata-se de um material natural, acinzentado, trazido da região da Lombardia, na Itália. Sobre a superfície, há vasos artesanais feitos à mão no Vietnã (Organne). “Cada peça conta uma história”, destaca Bruna. O projeto é abraçado pelo paisagismo assinado pela Le Nôtre, com plantas próprias para a área interna.

O mais inusitado é que esse cantinho nem estava previsto inicialmente. “Depois de receber a planta fui pega de surpresa com uma sapata (fundação) dentro do espaço, encoberta por um palco. Eu consegui camuflá-lo trazendo um aspecto de uma varanda interna, conectando o interior com a natureza”, diz.

Em relação ao layout, ela optou por dividi-lo por funções. “Pensei em um circuito fluido, que centraliza o espaço principal: a sala de jantar. A planta é livre, sem bloqueios e permite ter contato com todos os cantos”, explica. Tais setores receberam uma iluminação suave, quase cênica, indireta e pontual. “A intenção era iluminar o jardim de inverno, a mesa de centro, a mesa de jantar e a grande ilha. No bar, busquei algo mais homogêneo por meio da tela tensionada, que cria um fundo visualmente calmo para as prateleiras”, diz.

Reuso é chique!

Para o piso, a profissional apostou em tacos de dois tipos de madeira diferentes (de 24 x 7 cm): peroba e canela. O curioso é que este material saiu de uma obra assinada por ela há 4 anos. Ou seja, o que seria descartado, se transformou em algo especial. Reaproveitar é preciso, sobretudo diante de tanto uso desordenado de matéria-prima! Depois de ser lixado e receber resina fosca, o piso ganhou um novo fôlego. Note que a paginação tipo “espinha de peixe” dá um charme único à composição.

Ao redor, ripas de chapas metálicas pintadas em branco garantem movimento e suavidade. Mais à frente, na cozinha, painéis de MDF ripado são a companhia perfeita para os tampos feitos em Dekton Aura, da Cosentino (mesa, ilha e bancada da cozinha).

Cores e materiais em sintonia

Bruna conta que optou por uma paleta neutra, com branco e pontos de cor avermelhados. “Esse fundo branco dá espaço para tudo acontecer. É a junção de todos os tons. Já o vermelho esquenta, acolhe e traduz a força das nossas emoções”, comenta.

Arte e conforto: que seja casa!

O sofá de linhas neutras ganhou a companhia do quadro assinado por Claudio Tozzi (a obra é de 1979). Aliás, há arte por todos os cantos. No bufê, destaque para a obra Servo, de Henrique Savas e, na entrada, para a tela EloV, assinada por Marcos Siqueira. Na estante e em outros pontos do living, brilham os vasos de cerâmica e peças de artistas locais, como Frida não Late, Michele Furlani, Bernardo Dartagnan e Ana Costa Lima. “Escolhi colocar obras que trouxessem movimento e ao mesmo tempo leveza para o espaço”, comenta Bruna.

Um destaque é a escultura cerâmica “A Infância que Habita em Mim”, de Rodrigo Pedrosa, que está com uma exposição em cartaz no Museu de Arte Contemporânea de Niterói – RJ.

Móveis assinados por ela também abrilhantam o living. Um exemplo é a mesa Fases, que possui tampo de mármore grigio e uma base que mostra a transição de diversas “estacas” para uma peça contínua. Tapetes (Maiori) e mobiliário solto (Contti Home Design) complementam a ambientação. Por fim, há também o charme das poltronas Bella Donna (Giacomo Tomazi) e Haus (Bruno Faucz), também da Contti. “Quis brincar com tramas, texturas, fios e cores diferentes”, diz a arquiteta. Tudo aqui é pura poesia, pura música boa!

Texto: Juliana Duarte para Casa de la Gracia Comunica

Fotos: Débora Jank

Casa na Floresta: um lar funcional, integrado ao verde e cheio de personalidade na CASACOR/SC

O arquiteto Michael Zanghelini, que participa pela quinta vez da mostra, coordenou o projeto, que envolveu diferentes equipes e necessidades, desde a estrutura até o paisagismo

Um projeto ousado, inteligente e totalmente funcional: a Casa na Floresta, assinada pelo arquiteto Michael Zanghelini, é um dos grandes destaques da CASACOR SC 20203. O espaço inteiro possui 350 metros quadrados e foi totalmente pensado para “estar em comunhão com a natureza”, conforme define o próprio profissional.

Aliás, essa sintonia nos faz lembrar uma apresentação de dança, com materiais, soluções e texturas dando forma e cor ao espaço. No jardim, por exemplo, há o suave movimento das cascatas. Ao caminhar mais um  pouco, a arte do encontro acontece com outros três elementos tão marcantes: a terra (os níveis da casa dão a sensação de que ela está emergindo do terreno), o fogo, na lareira externa, e o ar, que adentra pelas aberturas estrategicamente planejadas pelo profissional.

“Os quatro elementos se comunicam. Aliás, tudo por aqui conversa entre si e isso é resultado de um trabalho em conjunto. Estamos diante de uma arquitetura de grande porte, com uma fachada de 32 metros lineares. Foi um verdadeiro balé para fazer tudo funcionar”, comenta Michael.

Segundo ele, a obra foi complexa – envolveu diferentes equipes e habilidades, desde a estrutura até o paisagismo. “Fizemos uma gestão cuidadosa para que tudo acontecesse em sinergia”, comenta. O projeto contou, inclusive, com o olhar do engenheiro Diogo Garcia, da Ângulo Engenharia. “Cuidamos de todos os processos construtivos, desde mexer na terra até os pilares. Garantimos qualidade do que fizemos por meio da união de diferentes forças”, ressalta Michael.

Em relação à estrutura, houve o aproveitamento de diversos elementos existentes no local. O meio ambiente agradece, uma vez que dispensou-se o uso de novos recursos em muitos pontos. O material que se destaca é, sem dúvidas, a madeira biriba encaixada (também pintada de preto).

Área verde e suas cores complementares

Assinado por Michael, o projeto de paisagismo tem uma composição natural e fluida, que imprime justamente uma sensação mais “selvagem”. Em cada cantinho, seja por meio de uma claraboia ou de uma janela, a morada faz um convite para o verde entrar e presentear os ambientes com sua cor e vivacidade.

A paleta de cores também foi definida para evidenciar esse protagonismo da natureza. Michael explica que optou pelo preto como tonalidade principal justamente por ser neutro e contribuir para reforçar a sensação de estar no meio da floresta. Outro tom em destaque é o bege – um oposto complementar perfeito.

 

Conexão, contemplação e praticidade

Também assinado por Michael, o projeto luminotécnico foi pensado para evidenciar cada ponto da casa – luzes quentes garantem um clima intimista. A suíte feminina é uma prova do que estamos falando. Toda pintada de preto, é um convite ao descanso e à contemplação do verde. Da banheira de imersão, por exemplo, é possível ver o mar pela janela e, ao mesmo tempo, a copa das árvores pela claraboia.

Em relação aos móveis, Michael diz que fez uma curadoria intuitiva, com peças

simples, minimalistas e confortáveis. “Tudo bem natural”, ressalta.

Este bloco do quarto está totalmente conectado à cozinha e ao living por um corredor de vidro. O ambiente destinado às refeições tem vista para o mar – e pode ser utilizado a qualquer hora.

Na área externa, uma praça de fogo totalmente funcional garante bons momentos ao ar livre. O espaço é brindado pelo sol da manhã. “O planejamento foi feito para que a casa funcionasse em todos os momentos e temperaturas. Ela é linda na chuva, mas fica especial no início do dia”, diz Michael.

Tal cuidado pode ser comparado ao de trabalhos manuais, longos, complexos e cheios de afeto. “Sem dúvidas, é um grande desafio conduzir um projeto deste tipo, Há um volume muito grande de coisas e decisões. A sensação agora é de dever cumprido”, diz.

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