Fernando Mendonça é nome consolidado no setor acadêmico de pesquisas e carreira militar, e ficou popularmente conhecido por ser o “senhor dos castelos”, tendo construído três no Brasil. O troféu será concedido durante o Congresso de Educação INVOZ, agora em maio.
A Associação INVOZ – Integrando Vozes para o Futuro lança o troféu INVOZ para homenagear pioneiros brasileiros que fizeram história no setor aeroespacial e que contribuíram para o avanço do país no setor. O primeiro homenageado será Fernando Mendonça, um dos principais nomes no setor de pesquisas espaciais no Brasil e nos Estados Unidos, sendo membro da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE) nos Estados Unidos e diretor do grupo de organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais, embrião do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais).
A entrega do troféu será durante o Congresso INVOZ de Educação 2024, no CEFE em São José dos Campos, em 25 de maio de 2024. Sobre a entrega do troféu e sobre a programação do V Congresso de Educação INVOZ podem ser conferidos no site: https://invoz.org/congresso/
Os representantes do INVOZ comunicaram pessoalmente a Fernando Mendonça, em sua residência, sobre a honraria.
“Com este tipo de homenagem, concedendo o troféu INVOZ, queremos agradecer a estes pioneiros e, ao mesmo tempo, trazer para a memória dos mais jovens, que muitas vezes desfrutam do benefício iniciado por estas pessoas que fizeram história”, comentou Emilio Matsuo, presidente do Conselho Deliberativo do INVOZ.
A Carreira
Fernando Mendonça, além de ser conhecido pelos seus feitos para o desenvolvimento da pesquisa aeroespacial, também teve uma brilhante carreira militar. Em 1943, ingressou na Força Aérea Brasileira. Anos depois, em 1951, trabalhou na Diretoria da Aeronáutica Civil, onde chefiou o serviço de inspeção e exames para pilotos civis, tendo também colaborado para sua organização.
Nesse mesmo ano, ingressou na Escola de Aeronáutica no Campo dos Afonsos (RJ). Completou o curso teórico em janeiro de 1954, em segundo lugar, em um grupo de mais de cem oficiais.
De 1954 a 1958, completou o curso de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), laureado com “Summa cum Laude”, maior prêmio outorgado pelo Instituto desde sua fundação.
Em 1958, junto a um colega de classe, obtém o prêmio máximo da Shell por planejar e construir a Minitrack Mark II, para acompanhar satélites artificiais. É promovido a primeiro tenente. Em 1959, obtém bolsa da Capes para um curso na Universidade Stanford, nos Estados Unidos.
Em 1961, após concluir o curso no tempo mínimo de três anos, recebe o título de PhD no campo de Rádio Ciência. Sua tese teve menção especial do Comitê de Estudos da Pós-Graduação da Universidade de Stanford. Seus estudos experimentais do curso de doutorado foram conduzidos com o apoio da NASA (agência espacial norte-americana).
Durante o ano de 1962, assume a posição de associado de pesquisa no laboratório de Rádio Ciência da Universidade de Stanford, participando do programa científico da NASA em sua especialidade. Ao mesmo tempo, representou a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE) nos Estados Unidos, preparando o Programa de Pesquisa Científica da CNAE, submetendo propostas para pesquisas a organizações do governo norte-americano. Formou equipes e iniciou o laboratório de física espacial da CNAE. Foi promovido a capitão engenheiro de aviação em 1963. Nesse ano, auxiliou o Estado Maior da Força Aérea na criação de um grupo de estudos e projetos especiais, tendo como resultado a construção da Base de Lançamento de Foguetes da Força Aérea no Rio Grande do Norte. Foi Diretor Científico da CNAE, embrião do INPE, e participou de todas as etapas de sua criação, desde obras físicas até a busca de pesquisadores interessados em trabalhar no emergente Programa Espacial Brasileiro. Como primeiro diretor geral do INPE (1963-1976), foi responsável pelo treinamento de um grupo de pesquisadores brasileiros em física espacial. Em sua homenagem, o auditório do Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE leva o nome de Fernando de Mendonça.
Em 1965 obteve da NASA todo o equipamento necessário para a base de lançamento de foguetes e conseguiu um período de treinamento para os membros do GETEPE e CNAE nos laboratórios da agência espacial norte-americana. Ainda em 1965, organizou e obteve fundos estrangeiros para o Segundo Simpósio Internacional em Aeronomia Equatorial, sediado em São José dos Campos, que reuniu mais de cem cientistas de vinte países. Em 1966 conseguiu a expansão de projetos e novos programas de cooperação nos Estados Unidos (GRANADA, POEIRA, EXAMETNET, NEUTRON, AEROBEE) e na Alemanha. Tais projetos estavam sendo executados na Base de Lançamento da Barreira do Inferno. No mesmo ano, coordenou as atividades no Brasil de Observação do Eclipse Total Solar. Quinhentos técnicos, bem como cientistas brasileiros e estrangeiros, participaram do evento.
Fernando foi condecorado com medalhas por tempo de serviço, pela companhia no Atlântico Sul, mérito Santos-Dumont, prêmio da Força Aérea Brasileira e mérito da Aeronáutica. Em 1967 colocou em execução o programa em colaboração com a França e coordenou um programa para aplicação de sensoriamento remoto no Brasil. Ele foi destaque na década de 1960 pela revista Vectors, publicação interna do complexo industrial americano Hughes Aircraft Company, como responsável pelo avanço das telecomunicações no Brasil, em especial na área de teleducação. De outubro de 1976 a fevereiro de 1977, estagiou no International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA), em Viena (Áustria). De 1977 a 1982, foi diretor executivo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), tendo orientado a formação de centenas de doutores na Alemanha para o Programa Nuclear Brasileiro. Desde 1983, atua no setor privado, na área de telecomunicações via satélite e representações no setor espacial.
Participações e Reconhecimentos
Fernando de Mendonça foi membro das organizações: American Geophysical Union; Comité Interamericano de Pesquisas Espaciais; Conselho Latino Americano de Raios Cósmicos e Física Espaciais (Clarc Y Fe), Secretário Executivo; Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE); Sociedade Paulista de Engenheiros de Rádio; Sociedade do SIGMA XI; Comitê Brasileiro para o Ano do Sol Calmo; Comitê Internacional para o Ano do Sol Calmo (Representante da América Latina); Grupo Executivo da Comissão Nacional de Atividades Espaciais; American Society of Advancement of Science; Comitê organizador do Simpósio Internacional da Astronomia Equatorial, Secretário Geral; American Meteorological Society; Comissão Brasileira de Astronomia; Comissão Nacional para Estudos do Eclipse, Coordenador Geral; Comitê Executivo da Cadeia Internacional para Lançamento de Foguetes Meteorológicos (EXAMETNET), representando o Brasil; União Rádio Científica Internacional (U.R.S.I.), Coordenador do Brasil; Membro do Conselho de Administração do Parque Tecnológico de São José dos Campos e do Instituto Municipal de Desenvolvimento; Conselho de Administração da Associação Joseense para Fomento da Arte e Cultura (AJFAC), Presidente.
Medalhas e Honrarias
Prêmio máximo da Shell (Minitrack Mark II); Membro da Academia Nacional de Engenharia; Ordem do Mérito Aeronáutico; Comendador da Ordem de Rio Branco (Ministério das Relações Exteriores); Medalhas por tempo de serviço, pela companhia no Atlântico Sul; Medalha Santos-Dumont; Medalha da Abolição (Governo do Estado do Ceará); Prêmio da Força Aérea Brasileira; Ordem Nacional do Mérito Educativo; Ordem do Mérito Cartográfico; Medalha Militar de Serviço; Mérito do Comitê de Ciências e Astronáutica do Congresso dos Estados Unidos da América; Homenagem da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará; Cidadão Honorário de São José dos Campos; Homenagem do Ano de 2012 da CNI – Confederação Nacional das Indústrias.
Castelos
Fernando começou a se interessar pela construção de castelos quando acompanhou os doutorandos do Programa Nuclear, na Europa. Lá aprendeu sozinho como os Magister Opera construíam castelos na Idade Média. Passou anos estudando em bibliotecas europeias sobre isso.
Quando retornou para o Brasil, aos 80 anos, deu início às obras. Desenvolveu todo o projeto civil, elétrico e hidráulico. No total, construiu três castelos, dois deles em São José dos Campos, onde atualmente mora. Por tal feito, tornou-se popularmente conhecido como o senhor dos castelos.