O que podemos esperar da COP 28?

É notório que o clima está diferente, enchentes, secas, chuvas torrenciais, incêndios, são alguns dos exemplos que comumente presenciamos nos jornais todos os dias.
Além dessas notícias, somos impactados também diariamente, com informações sobre o aquecimento global.
Pesquisadores sobre o assunto, se manifestam com crescente preocupação com essa já realidade de nossas vidas. Recentemente, um estudo divulgado na década de 70, sobre o assunto, se mostrou assustadoramente preciso, segundo algumas análises recentes, inclusive uma delas feita pela Universidade da Califórnia.
No meio desse momento, acontece a COP 28, evento de relevância internacional de ações contra o aquecimento global.
Para podermos avançar com nosso artigo, vamos fazer um breve panorama sobre o histórico das COP ́s.
A Criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), foi adotada na Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992. O principal objetivo desta convenção era “alcançar a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça a interferência perigosa no sistema climático”. ” Esse dado é muito legal, pois mostra o Brasil como palco e um dos protagonistas sobre o tema.
A primeira COP foi realizada em Berlim, em 1995. Durante esta conferência, os países começaram a discutir e negociar medidas concretas para lidar com as mudanças climáticas e durante a COP 3, em Quioto, Japão, em 1997, resultou no Protocolo de Quioto. Este foi o primeiro acordo vinculativo que estabeleceu metas específicas de redução de emissões para os países industrializados.
Em 2001 em Marrakech, Marrocos tratou sobre a implementação do Protocolo de Quioto, elaborou-se em detalhes técnicos e práticos para a implementação do Protocolo de Quioto.
COP15 – Conferência de Copenhague: Realizada em Copenhague, Dinamarca, em 2009, foi significativa, mas também enfrentou críticas devido à falta de um acordo global vinculativo. No entanto, resultou no Acordo de Copenhague, que estabeleceu metas voluntárias para a redução de emissões.
Com muita relevância, a COP21, realizada em Paris, França, em 2015, foi um marco importante. Os países concordaram em limitar o aumento da temperatura global a bem abaixo de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, com esforços para limitar o aumento a 1,5 grau Celsius. O Acordo de Paris é não apenas um compromisso, mas também juridicamente vinculativo.
Parece pouco, mas gosto de exemplificar de forma bem simples. Estabilize o ar-condicionado do seu carro e, uma temperatura que lhe proporcione um bom conforto térmico, em seguida altere 2 graus, e você perceberá a diferença.

O Acordo de Paris, certamente, é o marco mais significativo no esforço global para combater as mudanças climáticas. A seguir listei os postos-chave sobre o Acordo.
1. Objetivo central: O principal objetivo do Acordo de Paris, estabelecido durante a COP21 em 2015, é fortalecer a resposta global às ameaças das mudanças climáticas, mantendo o aumento da temperatura média global abaixo de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Além disso, os países concordaram em envidar esforços para limitar o aumento a 1,5 grau Celsius.
2. Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs): Cada país que faz parte do Acordo de Paris é solicitado a apresentar Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Estas são metas e compromissos voluntários para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Os países têm flexibilidade para estabelecer suas próprias metas, refletindo suas circunstâncias nacionais, capacidades e desenvolvimento sustentável.
3. Revisões regulares: O Acordo estabelece um processo de revisão regular das metas e compromissos dos países. A ideia é que essas metas se tornem mais ambiciosas ao longo do tempo à medida que a compreensão científica e as capacidades tecnológicas evoluem.
4. Financiamento climático: Reconhece a necessidade de mobilizar financiamento significativo para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos das mudanças climáticas e a realizar a transição para economias de baixo carbono. O compromisso inclui uma meta de mobilizar US$ 100 bilhões anualmente até 2020, com a promessa de aumentar essa quantia no futuro.
5. Mecanismo de Transparência: O Acordo de Paris estabelece um mecanismo de transparência para acompanhar e avaliar o progresso dos países em relação às suas metas. Isso inclui relatórios regulares e revisões por pares para garantir a responsabilidade e a transparência.
6. Mecanismo de Perdas e Danos: O acordo reconhece a importância de abordar as perdas e danos associados às mudanças climáticas, especialmente em países mais vulneráveis. Um mecanismo foi criado para lidar com situações em que a adaptação não é suficiente.
7. Entrada em vigor: O Acordo de Paris entrou em vigor em 4 de novembro de 2016, menos de um ano após ter sido adotado, uma velocidade notável para um acordo internacional. Até hoje, a grande maioria dos países do mundo ratificou o acordo.
O Acordo de Paris é amplamente considerado como um passo significativo na direção certa para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, mas também é reconhecido que mais esforços são necessários para cumprir as metas estabelecidas e manter o aquecimento global em níveis seguros. A COP26 em 2021 teve como objetivo acelerar esses esforços e reforçar o compromisso global.
Em Glasgow aconteceu a COP 26 na Escócia, em 2021, foi focada em acelerar a implementação do Acordo de Paris. As negociações abordaram questões críticas, como financiamento climático, adaptação, redução de emissões e ações para lidar com as perdas e danos causados pelas mudanças climáticas.

Agora, o que podemos esperar sobre a COP 28, que acontece até o dia 12 de dezembro nos Emirados Árabes?
Abaixo, elenquei alguns itens que para responder essa pergunta:
1 – Resposta rápida ao primeiro Balanço Global do Acordo de Paris
O Balanço Global, parte crucial do Acordo de Paris, ocorre a cada cinco anos para aumentar a ambição nas ações climáticas. O processo, agora na fase política, culminará na COP 28, onde os países devem reconhecer lacunas nas ações e financiamento, destacar avanços e estabelecer próximos passos coletivos. Compromissos resultantes devem abranger mitigação, adaptação, perdas e danos, financiamento e assistência, especialmente nos setores de energia, transporte, alimentos e uso do solo. O alinhamento de fluxos financeiros às metas do Acordo de Paris é crucial, assim como a melhoria do suporte financeiro aos países em desenvolvimento. Na
COP28, os países devem acordar metas abrangentes em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), incluindo todas as emissões de gases de efeito estufa, visando a redução global necessária para limitar o aumento das temperaturas a 1,5°C. O resultado do Balanço Global também deve enfatizar a inclusão de medidas setoriais, planos de adaptação, políticas para uma transição energética justa e processos contínuos para concretizar as metas de 2025. Consultas nacionais e regionais em 2024 são sugeridas para transformar os resultados do Balanço Global em NDCs ambiciosas
2 – Promover transformações sistêmicas
Para solucionar a crise climática, será necessária uma profunda transformação, todos os sistemas e setores do planeta serão impactados – desde a maneira como produzimos e consumimos alimentos e energia até o desenho de nossas cidades. Avanços em três setores principais serão particularmente importantes na COP28:
– Sinalizar o fim da era dos combustíveis fósseis e mobilizar o mundo em torno das alternativas
O debate central na COP28 será sobre a redução gradual ou eliminação gradual dos combustíveis fósseis. A COP26 pediu a redução gradual do carvão, enquanto a COP27 viu o apoio a uma redução gradual geral, não refletida no resultado final. A questão central agora é se os países concordaram com a redução do uso de todos os combustíveis fósseis ou apenas daqueles não mitigados por outras tecnologias, como a captura de carbono. Independentemente do termo acordado, é crucial que o resultado leve a uma transição rápida. Embora a captura de carbono seja reconhecida como importante, seu uso deve ser limitado, e a transição para fontes renováveis e transporte limpo deve ser priorizada. A substituição dos combustíveis fósseis deve ser acompanhada pela expansão de alternativas. Os governos na COP28 devem garantir uma transição inclusiva, apoiando trabalhadores e comunidades afetadas pela indústria de combustíveis fósseis. Compromissos financeiros público e privado são essenciais para apoiar a transição em países em desenvolvimento. A conferência não deve ser uma plataforma para promessas vazias da indústria de petróleo e gás, destacando a necessidade de enfrentar emissões de “escopo 3”, responsáveis por até 95% da contribuição dessas indústrias para a crise climática.
– Unir-se pela transformação dos sistemas globais de alimentos e uso da terra.

Os sistemas globais de alimentos e uso da terra são altamente suscetíveis às mudanças climáticas, enquanto também contribuem para essas mudanças. Responsáveis por pelo menos um terço das emissões globais, principalmente devido à significativa perda florestal, o setor de alimentos e uso do solo é afetado por eventos climáticos extremos, como secas, inundações e ondas de calor, prejudicando as colheitas e meios de subsistência, agravando a fome e a insegurança alimentar em um mundo já enfrentando desafios como guerras, inflação e desigualdade.
A COP28 será a primeira conferência climática a explicitamente reconhecer a estreita ligação entre o setor de alimentos e uso do solo e a crise climática. O resultado do Balanço Global oferece uma oportunidade para avançar nessa agenda, assim como a Declaração dos Emirados Árabes sobre Sistemas Alimentares Resilientes, Agricultura Sustentável e Ação Climática, liderada pela Presidência da COP28. Esta declaração incentiva os governos nacionais a centralizarem o setor de alimentos e uso do solo na abordagem das questões climáticas, integrando metas específicas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e planos de adaptação nacionais.

O processo do Trabalho Conjunto de Sharm el-Sheikh para a Implementação da Ação Climática na Agricultura e Segurança Alimentar (SSJW, na sigla em inglês) também pode contribuir para essa agenda na COP 28. As partes são instadas a adotar uma abordagem abrangente para promover sistemas alimentares sustentáveis e resilientes, indo além da produção e considerando métodos produtivos que sejam resilientes e benéficos para a natureza, dietas e nutrição saudáveis, acessíveis e sustentáveis, bem como a redução da perda e desperdício de alimentos.
– Posicionar as cidades como parceiras estratégicas no combate às mudanças climáticas

Na COP28, será realizada pela primeira vez a Conferência de Ação Climática Local, envolvendo líderes subnacionais como prefeitos, governadores, empresários e representantes de ONGs. Cidades desempenham um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas, responsáveis por 70% das emissões globais de CO2 e enfrentando eventos climáticos extremos. A colaboração entre cidades e governos nacionais é essencial, uma vez que ambas não podem resolver a crise climática sozinhas. A COP28 é uma oportunidade para cidades e governos nacionais coordenarem esforços, incorporando atores subnacionais nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), estabelecendo políticas climáticas nacionais e aumentando o financiamento para metas subnacionais. Transparência, ambição e transformação de sistemas compartilhados são elementos-chave para esse esforço conjunto.
3) Preparar-se para os impactos cada vez mais severos das mudanças climáticas
Um estudo recente revelou que os desastres climáticos custaram US$ 2,8 trilhões entre 2000 e 2019, ou uma média de US$ 143 bilhões por ano. Os custos humanos, econômicos e ambientais das mudanças no clima devem ficar ainda piores mesmo se conseguirmos estabilizar as emissões. É crucial que as negociações da COP28 levem a decisões que ajudem as comunidades a se adaptar aos impactos climáticos e apoiem aqueles que perderam suas casas e meios de subsistência.
Colocar o Fundo de Perdas e Danos em operação
O texto destaca a necessidade de operacionalizar o Fundo de Perdas e Danos, um avanço histórico acordado na COP 27 para ajudar nações mais vulneráveis a lidar com impactos climáticos irreparáveis. Na COP 28, os países devem decidir a sede do fundo, sua relação com a UNFCCC, contribuições, elegibilidade para apoio financeiro e aspectos de governança. As negociações enfrentam desafios, como desentendimentos recentes. Além disso, é necessário determinar uma instituição-sede para a Rede de Santiago sobre Perdas e Danos, criada em 2019, com candidatos como o Banco de Desenvolvimento do Caribe e o UNDRR. A COP 28 pode enfrentar dificuldades se as prioridades dos países em desenvolvimento não forem atendidas adequadamente.
Avançar com a estrutura da Meta Global de Adaptação e ampliar o financiamento para adaptação

Na COP 28, os países buscam efetivar a Meta Global de Adaptação, estabelecida em 2015 com o Acordo de Paris. O objetivo é monitorar e fortalecer ações de adaptação, promovendo equilíbrio entre esforços de mitigação e adaptação, evitando medidas inadequadas e reduzindo desigualdades. A estrutura da meta busca dar mais poder de decisão às comunidades locais, seguindo os Princípios para Adaptação Liderada Localmente. As negociações na COP28 visam a formalização de acordos para que os países estabeleçam metas em várias etapas do ciclo de adaptação, abrangendo temas como insegurança alimentar, saúde, infraestrutura e questões transversais, como gênero e conhecimentos indígenas. A definição de métricas para avaliar e reportar as ações de adaptação também é crucial
4) Implementar o financiamento climático em escala

Para manter as metas climáticas ao alcance, o mundo precisa alcançar um fluxo de financiamento climático de US$ 4,3 trilhões por ano até 2030. As negociações da COP28 podem gerar avanços em diversas áreas para potencializar os esforços de descarbonização, construir resiliência aos impactos climáticos e preparar o terreno para novas metas de financiamento climático mais ambiciosas.

Cumprir os atuais compromissos de financiamento e preparar o terreno para uma nova meta global de financiamento climático

Os países desenvolvidos concordaram em levantar US$ 100 bilhões por ano até 2025 para ajudar na mitigação e adaptação climáticas, porém, até agora, estão longe de cumprir esse compromisso. Na COP 28, é crucial abordar essa lacuna de financiamento e garantir um acesso mais rápido e de melhor qualidade aos fundos. Na COP 26, concordou-se em dobrar o financiamento para adaptação até 2025, buscando um equilíbrio entre mitigação e adaptação. O setor privado também é destaque nas discussões sobre como ampliar o financiamento para adaptação. Além disso, a COP 28 deve estabelecer as bases para uma nova meta de financiamento pós-2025, atingindo os US$ 100 bilhões, com decisões relacionadas à cobertura temporal, monitoramento e relação com perdas e danos.

Direcionar fluxos de financiamento a soluções climáticas

O texto destaca a necessidade de alinhar os fluxos financeiros com o desenvolvimento sustentável e de baixo carbono, conforme previsto no Artigo 2.1(c) do Acordo de Paris. A definição prática desse artigo é desafiadora devido às variações entre países. A relação entre o alinhamento financeiro e a responsabilidade dos países desenvolvidos, conforme estipulado no Artigo 9, é uma questão central. A discussão sobre o Artigo 2.1(c) pode ocorrer na COP28, com orientações do Comitê Permanente de Financiamento e do Secretariado da UNFCCC. As questões sobre instituições financeiras internacionais, endividamento e necessidades dos países em desenvolvimento serão destacadas na COP28, após reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

COP 28: o momento para assumir a responsabilidade e agir
O sucesso da COP 28 está vinculado à capacidade dos países de responderem de maneira ambiciosa ao primeiro Balanço Global e de chegarem a um consenso sobre a operacionalização do Fundo de Perdas e Danos. Além disso, é crucial que os países demonstrem avanços em relação às suas últimas promessas e se preparem para fortalecer seus planos climáticos nacionais em 2025. A conferência exige ações decisivas, indo além de promessas e discursos, para beneficiar pessoas, natureza e clima.

Texto por: Marcelo Souza – que participa da COP 28 em Dubai nos Emirados Árabes –

O autor do artigo, Marcelo Souza, é escritor, publicou o livro Economia Circular – O Mundo Rumo à Quinta Revolução Industrial, palestrante, professor e CEO da Indústria Fox.

Indústria Fox está presente na COP 28 em Dubai

A Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, a COP 28, que este ano acontece em Dubai, tem a participação da Indústria Fox, Empresa Brasileira de renome em sustentabilidade e tecnologia, representada pelos executivos Marcelo Souza e Leonardo Kroger, CEO e CFO, respectivamente. Ambos estão no evento para acompanhar e colaborar com os trabalhos e discussões acerca dos temas tão relevantes para toda a sociedade.

Em pauta os impactos do aquecimento global que se apresentam cada vez mais evidentes no dia a dia, basta trazer à memória as ondas de calor enfrentadas na Europa no último verão, no Brasil, este ano, sentimos os reflexos do desequilíbrio com chuvas intensas na região Sul, seca na região Norte, queimadas no Centro Oeste e ondas de calor que devem se intensificar com a chegada da estação mais quente do ano.
Mais do que nunca os assuntos que cercam a COP28 serão debatidos com veemência e entre eles figuram:

· Limitar o aumento da temperatura global
· Eliminação de combustíveis fósseis
· Redução das emissões
· Os gases de efeito estufa
· Aumento da capacidade de energias renováveis
· Financiamento climático

Os executivos da Indústria Fox, seguem na expectativa para que sejam estabelecidos acordos globais sólidos e praticáveis que beneficiarão todas as nações.

Mais sobre a Indústria Fox
Fundada em 2009, a Indústria Fox é pioneira em reciclagem com base na captação de gases no Brasil, foi a primeira fábrica de produção reversa de refrigeradores na América do Sul e se tornou referência em gestão e solução de armazenagem, manutenção, reforma e reparo de equipamentos. A empresa se posiciona com programas próprios de eficiência energética, além de processos de remanufatura de produtos. Com isso, é a única no Brasil a unir os três pilares de reciclagem, remanufatura e eficiência energética. Tudo isso alinhado com novas tecnologias e desenvolvimento de economia circular e indústria 4.0.

https://www.industriafox.com.br/

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